O setor de Alimentação Fora do Lar segue em crise econômica por conta da pandemia. De acordo com a pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 9 em cada 10 bares e restaurantes gaúchos estão com problemas para pagar integralmente os salários dos funcionários em abril. As principais causas apontadas são as restrições para o funcionamento do ramo de gastronomia e o fim da lei que permitia a suspensão de contratos e redução de jornadas de trabalho.
“É impossível manter nossos negócios sem poder atuar em todos os horários e sem o auxílio do governo”, aponta Maria Fernanda Tartoni, presidente da Abrasel no RS, que completa, “Não queremos demitir, mas não precisamos de toda a mão de obra por conta das restrições que limitam a lotação máxima para um quarto da capacidade”, explica. “É fundamental o governo voltar com a suspensão de contratos e redução de jornadas, pois mais adiante esperamos a liberação para abrir normalmente e vamos precisar da equipe”, define.
Com uma situação crítica em 2020, os empresários percebem esse problema piorando nesse ano. Em março, 8 em cada 10 estabelecimentos relataram dificuldade para quitar a folha salarial. No mesmo mês, 85% dos bares e restaurantes fecharam com prejuízo, índice que era de 51% em janeiro.
A presidente da entidade destaca que o ramo de gastronomia está operando no vermelho desde o início da pandemia. Ao longo dos meses, os estabelecimentos alcançaram metade do faturamento em relação ao período anterior às restrições.
Os reflexos dos prejuízos sofridos pelo segmento são evidenciados pelas demissões e endividamento. Os dados da Abrasel apontam que 3 em cada 4 bares e restaurantes demitiram nos primeiros meses do ano e os pagamentos em atraso atingem 4 em cada 5 estabelecimentos. As dívidas geram preocupação para a maioria dos empresários do setor pelo risco de sair do Simples Nacional por conta das pendências.
Confira os dados da pesquisa:
Empregos, salários e faturamento
- 90% dos empresários alegam ter problemas para pagar integralmente os salários em abril.
- 85% usaram a lei de suspensão de contratos e redução de jornadas. 75% pretendem usar a medida se a lei for reeditada.
- 74% tiveram de demitir nos 3 primeiros meses do ano.
- 85% tiveram prejuízo em março. Em janeiro, o índice era de 51%.
Dívidas e crédito
- 80% das empresas estão com algum tipo de pagamento atrasado. Destes, 71% devem o Simples Nacional e 70% têm medo de sair do Simples Nacional por causa das pendências.
- 52% fizeram o Pronampe. Outros 33% tentaram fazer o empréstimo do programa, mas não conseguiram obter o financiamento junto aos bancos.
- 82% não conseguiram prorrogar o empréstimo. Destes, 61% receberam negativa do banco ao tentar.