O cenário do setor de Alimentação Fora do Lar segue preocupante após sofrer as consequências causadas pela pandemia. A nova pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) revela que um terço dos estabelecimentos gaúchos tiveram prejuízo no início do ano, subindo de 23% para 35% desde o último levantamento. A situação complica à medida que a incerteza cresce em relação ao futuro da situação econômica neste ano. "O grande desafio de 2023 é cuidar o endividamento do setor e os custos inflacionários, que tendem a aumentar", contextualiza João Melo, presidente da Abrasel no RS.
Os principais problemas apontados pelo presidente são destaque do levantamento da entidade. O setor tem 8 em cada 10 empresas com empréstimos bancários contratados, com a inadimplência atingindo 30% para quem utilizou linhas regulares e 20% aos que aderiram ao Pronampe. Outro dado significativo é que, em média, 10% do faturamento dos bares e restaurantes são empenhados para pagar as parcelas e, para quase um terço, está acima desse índice, alcançando até mais de 20%.
A inflação segue preocupando os empresários do ramo, sendo que 30% ainda não consegue reajustar os preços conforme a média da inflação de 5,77% no período.
"O setor está em compasso de espera, aguardando medidas do governo e na expectativa de como vai se comportar a economia do país. A pandemia ainda traz as sequelas econômicas, com endividamento alto, principalmente com empréstimos e pagamentos em atraso", define João.
A boa notícia que o levantamento traz é a possibilidade de novos vagas no setor de Alimentação Fora do Lar. São 14% dos estabelecimentos que aumentaram o quadro de funcionários e 32% projetam aumentar a equipe ao longo de 2023. No entanto, João Melo destaca que é necessário ter demanda, público nos restaurantes e casas abertas para confirmar esta tendência.
Por fim, a pesquisa também abordou o tema do assédio e violência contra mulheres nos estabelecimentos de alimentação fora do lar, um tema importante para a sociedade que entrou em debate a partir de projetos de lei e decretos em estados e municípios. De acordo com a pesquisa, 63% dos estabelecimentos já implantaram ou pretendem implantar sinalização sobre canais de denúncia ao assédio contra mulheres.
Outras medidas que têm ampla adesão são o treinamento dos funcionários para lidar com as situações de assédio/violência (67%) e protocolo para acionamento imediato de autoridades (66%). Entre as medidas consideradas menos viáveis estão espaço físico reservado para o acolhimento (72% não veem viabilidade na implantação em seu estabelecimento) e vigilância especial em áreas isoladas ou com pouca iluminação (64% creem não ser viável para o estabelecimento).
Dados da pesquisa:
- 35% das empresas registraram prejuízo em janeiro (aumento de 12 pontos em relação a última pesquisa). Outros 17% trabalharam com estabilidade (eram 30%) e 48% tiveram lucro.
- 30% não estão conseguindo reajustar os preços conforme a média de inflação (que foi de 5,77% no período). 30% fizeram reajustes abaixo do índice e outros 29% aumentaram conforme a média. Apenas 11 aumentaram o cardápio acima deste índice.
- 81% têm hoje empréstimos bancários contratados. A inadimplência e de 30% entre os que tomaram dinheiro de linhas regulares e de 20% entre os que aderiram ao Pronampe (a média do programa no Brasil é de 5,2%).
- 10% do faturamento das empresas que têm empréstimos está empenhado em pagar as parcelas, na média. Para quase um terço delas (29%) está acima deste patamar (25% têm entre 11% e 20% do faturamento empenhados, e para 4% o percentual está acima de 20%)
- 14% aumentaram o quadro de funcionários em janeiro na comparação com dezembro, enquanto 24% dizem ter reduzido o quadro. Outros 62% mantiveram o mesmo número de funcionários. 32% dos entrevistados dizem que esperam ter que aumentar o quadro ao longo de 2023.
- 63% dos estabelecimentos já implantaram ou pretendem implantar sinalização sobre canais de denúncia ao assédio contra mulheres (3% já implantaram e 60% pretendem implantar em breve). Outras medida que têm ampla adesão são o treinamento dos funcionários para lidar com as situações de assédio/violência (67% já implantaram ou pretendem implantar) e protocolo de acionamento imediato de autoridades (66% já implantaram ou pretendem). Entre as medidas consideradas menos viáveis estão espaço físico reservado para o acolhimento (72% não veem viabilidade na implantação em seu estabelecimento) e vigilância especial em áreas isoladas ou com pouca iluminação (64% creem não ser viável para o estabelecimento).