Em uma crescente nos últimos meses, o setor de Alimentação Fora do Lar vem sofrendo os impactos do acréscimo nos valores de insumos e custos operacionais. De acordo com a pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 37% dos estabelecimentos gaúchos tiveram lucro no mês de maio e outros 30% fecharam o mês no vermelho. Entre aqueles no prejuízo, 83% apontaram que o aumento de alimentos e bebidas como fator que contribuiu para o resultado negativo. O cenário fica preocupante ao observar que 3 em cada 4 estabelecimentos não conseguiram repassar os custos da inflação para o consumidor.
"O ritmo do primeiro semestre foi bom e teve uma melhora significativa no consumo. Apesar dos reflexos recentes relacionados à inflação, a projeção é de que o segundo semestre, principalmente nos últimos 3 meses do ano, teremos um grande salto de vendas e movimento", aponta João Melo, presidente da Abrasel no RS.
Com o impacto do aumento de insumos, a maioria dos empresários ficou entre reajustar o cardápio abaixo da inflação oficial e outra fatia nem conseguiu alterar os preços dos pratos. O presidente da Abrasel aponta que o momento é de tentar repassar o que for possível ao consumidor, pois não tomar medidas pode representar a falência dos estabelecimentos. João também indica a possibilidade de uma reorganização interna para não sofrer tanto os reflexos dos preços.
“Ao não repassar os custos para o cliente, o empreendedor costuma olhar com cuidado para dentro do negócio e do cardápio. Revisar desperdício, pratos com margem não vantajosas ou que não vendem tanto, além de formas do estoque girar mais rápido. O foco fica na redução de desperdícios e melhora no fluxo de caixa”, detalha João Melo.
Outro dado que chama atenção na pesquisa da Abrasel é o endividamento do setor. Para escapar dos reflexos da pandemia, 75% estão com empréstimos contratados, seja de linhas regulares dos bancos ou via Pronampe. Em média, 12,33% do custo mensal dos estabelecimentos estão comprometidos com o pagamento de dívidas bancárias.
Dados da pesquisa:
- 37% dos estabelecimentos gaúchos tiveram lucro em maio. 30% trabalharam com prejuízo e 33% ficaram em equilíbrio.
- 76% não conseguem repassar os custos da inflação. 37% dos entrevistados dizem ter feito reajustes, mas abaixo da inflação oficial. Outros 39% não conseguiram reajustar o cardápio. 21% reajustaram somente para acompanhar a inflação e somente 3% dizem ter feito reajuste acima da inflação.
- 83% dos que tiveram prejuízo citaram o aumento dos principais insumos (alimentos e bebidas) como fator que contribuiu para o resultado negativo. Entre os outros principais fatores citados estão a queda das vendas no mês para 75%, dívidas com empréstimos bancários para 63%, redução no número de clientes e dívidas com impostos para 38%.
- 38% dos estabelecimentos do Simples Nacional estão com o imposto atrasado. Destes, 67% já aderiram ao RELP (Programa de Reescalonamento de Dívidas do Programa).
- 24% das empresas estão inscritas no Cadastur. Entre as que estão inscritas e têm débitos na dívida ativa, 6% aderiram ao Perse e 22% disseram desconhecer o programa.
- 75% têm empréstimos contratados. 58,3% tomaram dinheiro de linhas regulares dos bancos, e 75% fizeram empréstimo via Pronampe (muitos estabelecimentos tomaram os dois tipos de empréstimos). Entre aqueles com empréstimo de linhas regulares, 26% têm parcelas em atraso, contra 18% que estão em atraso com parcelas do Pronampe. Em média, 12,33% do custo mensal, estão comprometidos com o pagamento de dívidas bancárias.