O início de ano segue com instabilidade para o setor de Alimentação Fora do Lar em todo país, sobretudo no Rio Grande do Sul. A nova pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) revela que 47% dos estabelecimentos gaúchos trabalharam no vermelho em fevereiro. O índice é mais alto que a média nacional, que atingiu 30% e é o pior do estado desde janeiro de 2022, quando era 60%.
O levantamento da entidade, realizado entre os dias 20 e 28 de março, questionou os empresários do ramo sobre as razões do resultado negativo. Os principais motivos apontados foram a queda das vendas no mês e a redução do número de clientes. O custo dos insumos e dívidas com empréstimos também foram destacados como fatores decisivos.
"Infelizmente um medo do ínicio da pandemia vem se tornando realidade, as empresas seguraram como podiam e agora acumulam dívidas e empréstimos. Os três últimos meses aceleraram o endividamento", destaca João Melo, presidente da Abrasel no RS.
Com dívidas acumuladas, o setor ainda luta para se livrar dos reflexos causados pela pandemia. A pesquisa revela que 37% das empresas possuem despesas em atraso, entre impostos federais e estaduais, encargos trabalhistas e previdenciários, taxas municipais, fornecedores de insumos, serviços públicos como água, gás e energia elétrica, e aluguel atrasado. Os empréstimos bancários também preocupa 8 em cada 10 estabelecimentos. Apesar do Plenário do Senado aprovar a ampliação do pagamento do Pronampe de 48 para 72 meses, o segmento ainda aguarda novas medidas.
Para o presidente da Abrasel no RS, a perspectiva é de melhora, mas depende do avanço econômico do país.
"O cenário econômico precisa melhorar e ter uma definição do que será a conjuntura nacional a partir de agora. É necessário resolver o endividamento do setor, que segue se arrastando desde a pandemia. Esperamos que o governo adote prorrogação de prazos, redução de juros, adiamentos de pagamento ou isenção de impostos", explica.
Dados da pesquisa:
- 47,1% das empresas ficaram no vermelho em fevereiro, um aumento de 12 pontos percentuais em relação ao resultado de janeiro. Outros 23% trabalharam com estabilidade e 30% tiveram lucro (queda de 17 pontos percentuais).
- Entre os que fecharam o mês no prejuízo, as principais causas apontadas foram*:
79% queda das vendas no mês;
79% redução do número de clientes;
45% custo dos insumos;
36% dívidas com empréstimos;
45% dívidas com impostos e taxas.
- 37% das empresas têm dívidas em atraso, um aumento de 5 pontos em relação à pesquisa de fevereiro (eram 32%). Das que têm pagamentos em atraso*, 92% devem impostos federais, 36% impostos estaduais, 20% encargos trabalhistas e previdenciários, 8% taxas municipais, 20% devem a fornecedores de insumos, 20% serviços públicos (água, gás, energia elétrica) e 24% estão com o aluguel atrasado.
- 81% das empresas têm hoje empréstimos bancários contratados. A inadimplência é de 24% entre os que tomaram dinheiro de linhas regulares e de 29% entre os que aderiram ao pronampe (aumento de 9 pontos percentuais em relação ao registrado na última pesquisa).
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